terça-feira, 4 de novembro de 2008

Impressões do Congresso

Passo esta semana inteira no Congresso do SINPEEM, que se realiza no Anhembi. Hoje foi o primeiro dia, com direito a fila de duas horas para almoçar.
Devo dizer, em primeiro lugar, que sendo este um blog dedicado aos professores e a seu valor, exporei minhas impressões de maneira inversa à que me veio à cabeça. Quando vi a fila para o almoço começar a ser formada uma hora e meia antes do fim do evento do qual participávamos, e o auditório quase completamente vazio antes do fim da fala dos convidados, pensei algo. Algo que engoli, degluti e transformei em: parabéns àqueles que, como eu, permaneceram no auditório até o fim do painel, gostando ou não gostando do que se dizia, por respeito a quem palestrava e à condição de delegados eleitos para posteriormente multiplicar as informações conseguidas no evento. Parabéns a esses.
Devo dizer, agora, que me incomoda uma certa (neologismo absurdo, eu sei) powerpointização da educação. As apresentações em computador são bonitinhas. Mas os slides são interessantes se trazem imagens para enriquecer as falas, dados relevantes para o raciocínio ou frases que importa detalhar. Para todo o resto, fica excessivo: frases de efeito, gráficos e esquemas para simplificar o que está sendo dito, florezinhas e bichinhos, vídeos que só com muita boa vontade podemos associar à exposição. É importante ressaltar que a palestra NÃO É o PowerPoint. O recurso não pode substituir o conteúdo. E nada, nada mesmo, substitui uma argüição convincente, bem construída, e um diálogo bem conduzido de dúvidas e contestações.
Acho desnecessário tentar esquematizar todos os raciocínios, ou estabelecer gráficos e ilustrações para toda idéia exposta. Acho bobagem transformar os momentos (raros ultimamente) de contato espontâneo entre pessoas em uma festa de distrações coloridas e facilitações mentais. Acho cruel às vezes recebermos apostilas que são tão-somente apresentações em PowerPoint impressas em preto e branco, como se ali estivesse um passo-a-passo esperando apenas ser assimilado, consumido e colocado em prática.
Meus alunos na faculdade também têm essa mania. Isso precisa mudar. Julgo que seja um modismo calcado muito mais na insegurança em relação à exposição oral que na convicção da qualidade e capacidade de persuasão do material visual.

2 comentários:

bu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manu gomes disse...

Como designer e organizadora de encontros/congressos, não pude deixar de me identificar com seu texto. Muitos palestrantes nos procuram para que deixemos suas apresentações mais "bonitinhas", até ja ouví o argumento que o conteúdo não era muito bom e deveria chamar a atenção com apelo visual, a insegurança não é só na postura oral. Mas é claro que profissionais que somos, sempre orientamos no sentido da clareza e valorização da informação, de qual forma a apresentação digital irá facilitar a assimilição do conteúdo e até mesmo tornar a palestra um pouco mais agradável. Tomando sempre o cuidado de nunca, jamais o conteúdo se resumir ao digital, se não poderíamos disponibilizar tudo pela internet. O que seria uma pena, como você bem colocou, nossas relações estão tão virtuais, não podemos disperdiçar momentos sociais enriquecedores como esses.