sábado, 25 de outubro de 2008

Marcaram uma excursão para as 6ªs séries. A criançada ia ao Cinemark ver algum filme da moda que não lembro. Comida inclusa, condução, tudo certo. Sairia 5 reais para cada uma.
Pediram dois ônibus, considerando o número de alunos das 4 séries. Receberam, na véspera, confirmação da Coordenadoria de Ensino sobre isso: viriam dois ônibus.
Veio um só.
Acomodaram, então, as carinhas ansiosas e sorridentes de duas das turmas nesse ônibus. Restaram 27 alunos para 11 lugares.
Proposta número um: acomodar os alunos em trios nos bancos. Recusada, por questões óbvias de segurança da condução.
E a criançada, trocada e preparada para a festa, com aquela carinha de "ué?". E o tempo passa, e o filme tem horário.
Proposta número dois: colocar onze alunos nos lugares vagos, e dividir os outros 16 pelos carros dos professores, que acompanhariam o ônibus. Recusada, por questões legais e possíveis complicações. Os alunos não assinaram termos de responsabilidade para andar em veículos de professores. Se acontece alguma coisa, vira problema, e tal.
E a face da criançada já segura um pouco mais a alegria do passeio, agora já vislumbrando a possível frustração. E o tempo passa, e o filme tem horário.
Proposta número três: retornar o ônibus à escola para realizar uma segunda viagem, levando o que sobrasse de aluno. O motorista topou, os professores concordaram, a escola apoiou. Ligaram para a Coordenadoria. A Coordenadoria gostou da idéia, e ligaram para a empresa. A empresa vetou. Duas viagens implicariam uma diferença em gasolina, horários e pagamento do motorista que eles não estavam dispostos a acertar. Mesmo tendo a Coordenadoria oferecido pagamento das duas viagens.
E a criançada ali, com a frustração já nitidamente estampada no rosto.
Proposta quatro: mandar os alunos para casa, e resolver a questão depois, de outro modo. Imediatamente aceita, visto que a única que não implicava nenhum trabalho adicional de ninguém.
E lá vão os meninos de volta para o lar, sem poder usufruir de um passeio já pago, para o qual se prepararam a semana inteira. E ainda sabendo que os coleguinhas das outras turmas tiveram melhor sorte.

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Os professores estão revoltados, e com razão, com o absurdo da situação, enquanto eu, mesmo sensível à frustração dos alunos, tenho vontade de rir de tudo aquilo.
Quem teria sido o responsável por isso? Recuperam-se e-mails da coordenação, da escola, da Coordenadoria. Verifica-se que o erro tinha sido da Coordenadoria.
Qual seria a lógica da coisa então? A Coordenadoria ASSUMIRIA seu erro, e ofereceria a esses alunos nova ida ao cinema, com tudo pago e, até pelo incômodo causado, algum desagravo compensatório. Isso seria o mínimo, porque, para o entendimento de pais e estudantes, professores e escola, sendo os agentes visíveis do passeio, acabariam como culpados do que ocorreu.
Mas não. O papo que corria até ontem era que a coordenadora e a diretora pagariam de seu próprio bolso esse novo passeio. Protestei com a coordenadora. Não é certo, e cada um tem de assumir suas responsabilidades. Uma palhaçada dessas e ainda as pessoas da escola serem oneradas? Para quê? Para não ter de "criar um clima ruim na Coordenadoria"? Poupar pessoas, nesse caso, implica em prejudicar outras.
Vou esperar o desfecho para atualizar este post. Mas creio que estamos diante de mais um incrível e maluco caso de MISH, medo infundado dos superiores hierárquicos, uma praga que assola a educação e nos transforma em cordeirinhos de administrações incompetentes.