Relevem a mudança de tom do meio para o fim do texto. Eu queria dar uma resposta politicamente corretamente para ganhar nota, mas não consegui. No fundo, nem sei se fui honesto no final, a respeito da necessidade do trabalho das ONGs.
A pergunta era sobre o papel do professor de preparar os alunos no séc. XXI, a partir do texto de uma aula sobre terceiro setor e ONGs. Respondi o que segue:
O texto da aula 10 aponta para transformações macroeconômicas que incidiram na perspectiva da educação para a sociedade atual. Considerando que o mercado de trabalho assumiu novas características nos últimos anos, com a valorização da informação e do conhecimento em detrimento da força braçal, as funções do professor também se modificaram, pois este passa a ter de incluir em sua prática pedagógica o computador, a internet, as mídias, e os ambientes externos à escola. Ao tentar preparar o aluno para o mundo contemporâneo, o professor precisa cercar-se desses recursos e integrá-los à sua aula, por meio da capacidade de mediação. Evidentemente, não há meio de realizar essa preparação sem uma ação organizada e ampla, que envolve espaços externos àqueles destinados à educação formal. Dentro desse raciocínio, as ONGs teriam um papel central na educação, responsabilizando-se por uma ponte entre a comunidade e o Estado, entre as empresas e o Estado, entre a sociedade e o Estado. Infelizmente, nós, professores que atuamos no ensino público, temos grande desconfiança em relação à atuação das ONGs, pois muitas delas revelaram-se, nos últimos anos, entidades descompromissadas, completamente alheias aos processos educacionais e interessadas tão-somente na assinatura de contratos com o Estado e nos ganhos que conseguem com os mesmos. Há, evidentemente, ONGs respeitáveis, com trabalhos de grande qualidade, mas não podemos deixar de registrar que existem ONGs descompromissadas quase na mesma proporção dessas que realizam seu papel. Posso citar como exemplo uma das ONGs com que trabalhávamos na escola que leciono: recebia 54 reais por hora/aula da Prefeitura, repassava menos de 20 para seus professores, retia, portanto, 34 a título de despesas de estrutura, sendo que não possuía sede, nem espaço físico, nem local de atendimento, nem estatuto, nem equipe administrativa. O dono dessa ONG funcionava como um mero "atravessador" de empregados, sem nenhuma história de qualquer trabalho social que não fosse o de colocá-los para trabalhar nas escolas que com ele fechassem contrato. Esse tipo de instituição em nada contribui para dar credibilidade ao necessário trabalho das ONGs como apoio da educação estatal, e deve ser denunciado sempre que possível.
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