quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Por que destruíram o CEU Três Pontes, no Jardim Romano?

Hoje, li uma notícia muito triste. Indivíduos não identificados detonaram materiais e instalações do CEU Três Pontes no Jardim Romano.
Não consigo nem chegar perto das razões para atitudes desse tipo. Lamentavelmente, elas não são tão raras. Ano passado, alunos fizeram uma destruição absurda e criminosa da escola estadual Amadeu Amaral, na Mooca, num ato de histeria coletiva muito difícil de compreender, quanto mais de aceitar.
Um concurso público que prestei recentemente teve como tema a violência na escola, e propôs uma redação a partir de três textos que discutiam esse tipo de ação. Embora minha nota na redação tenha sido razoável, não faço a mínima ideia de como se possa resolver esse problema. E olha que convivo com ele constantemente, ainda que em menor escala.
Sinceramente, acho que as causas da violência são muitas, e muito diferentes. E penso, ainda, que o peso dessas causas varia em cada situação específica. Por isso, não é possível indicar uma ação ou um conjunto de ações que, sozinhos, possam dar conta de prevenir e evitar esse tipo de comportamento de forma definitiva. Por questões de formação humanística, acredito que a falta de perspectiva dos jovens e os problemas socioenômicos e conjunturais da comunidade estão na raiz de muitos desses absurdos; sei, no entanto, que não os explicam inteiramente. Há um componente de maldade e mau-caratismo que não pode ser desconsiderado, e contra o qual só é possível lidar com uma ação policial precisa e punição exemplar.
O descaso das autoridades aumenta a incidência de problemas sociais, o que, sem dúvida alguma, colabora para alastrar a violência. Entretanto, examine-se o caso do CEU Três Pontes. Sim, o bairro está alagado. Sim, os moradores se manifestaram agressivamente quando o prefeito Kassab esteve por lá. Sim, há uma série de problemas de conjuntura. Mas isso nem de longe justifica o que aconteceu. Os depredadores entraram, quebraram um monte de coisas, destruíram materiais, botaram fogo em cadeiras, picharam o teto, fizeram de tudo o que podiam (ou não podiam). É difícil crer que tudo isso seja meramente falta de perspectiva, falta de cidadania ou revolta pelo descaso das autoridades. É difícil aceitar que alguma sensação adolescente de poder ou impunidade, por si só, leve alguém a quebrar brinquedos de crianças e equipamentos de uma das poucas instituições que as atendem em uma região carente. Para mim, é muito claro que existe algo nesse episódio que ecoa nos aspectos mais sombrios da personalidade humana. Não foi um roubo, não foi um protesto, não foi uma brincadeira, não foi uma bebedeira, ainda que possa ter sido de tudo isso um pouco. Houve evidente prazer na destruição.
Mas não sei se podemos fazer alguma coisa para evitar a manifestação desse aspecto obscuro da mente humana, a não ser responsabilizar e punir quem o exterioriza. Já pensando como governante, e não como policial ou psicólogo, o que caberia fazer seria propor soluções para os problemas estruturais da comunidade, ouvindo-a e contando com sua participação ativa nas ações implementadas. Não sei se isso evitaria outros atos de vandalismo como o que foi visto, mas ainda acredito que a cidadania política é o melhor antídoto contra a disseminação da violência. A perversidade e a imbecilidade infelizmente não desaparecerão, mas sempre é bom que encontrem menos oportunidades para mostrar os dentes.

Um comentário:

Unknown disse...

Estou Indignado com a direção do CEU Três Pontes,no Jardim Romano.
Recentemente,minha esposa que é professora na referida entidade, foi estupidamente agredida por um pai de aluno dentro da sala de aula , na hora da saída, o tal sujeito se recusou a apresentar o crachá para retirada de seu filho, pois trata-se de uma norma que consta no estatuto da escola e todos os pais assinaram a retirada deste mesmo crachá, ocorre que caso os pais ou responsáveis esqueçam de levar o crachá, basta solicitar uma autorização na secretária, infelizmente o tal sujeito negou-se a apresentar as duas opções de identificações, desobedecendo as regras e achou-se no direito de invadir a sala de aula e agredir a professora que estava na função de seu trabalho, causando um tumulto , pânico e medo em todas as crianças que se encontravam na sala, ocorre que após ser agredida , a professora não foi socorrida e muito menos amparada, uma vez que o tal sujeito cometeu um "crime", pois trata-se de funcionária pública . Eu tive de socorre-la, levando-a Ao PS,Delegacia,IML e posteriormente ao Hospital. A minha grande revolta foi saber que a direção da escola aceitou as desculpas esfarrapadas do tal sujeito ,ou seja, acaram passando a mão em sua cabecinha . Não meus senhores, isto está errado, há que ter mais coragem para ocupar certos cargos , principalmente na Educação, é preciso mostrar para o povo que existe lei e que ninguém pode sair por aí agredindo e ofedendo os professores, as diretórias precisam entender que uma escola, funciona um bom tempo sem direção, mas não funciona nem um dia sequer sem professores. Vamos respeitar a classe, Vamos ter mais coragem senhores Diretores e senhores professores e professoras, não se calem , denunciem, processem levem até as últimas consequencias qualquer tipo de agressão.
Olimpio