terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Paradoxo

Ontem, na reunião de planejamento, surgiu uma situação curiosa. Os alunos voltariam às aulas no dia seguinte, mas estávamos proibidos de pedir que comprassem material. Isso porque a Prefeitura fornecerá um kit-demagogia a partir do dia 13 de março. Fomos orientados (orientações são os novos nomes dados às ordens na administração escolar) a não pedir que comprassem cadernos para as disciplinas durante esse período de um mês entre a volta às aulas e o recebimento do material. No lugar disso, incentivaríamos (incentivo é um novo nome dado à súplica nas relações com os alunos) que trouxessem cadernos antigos com folhas ainda em branco para anotarem as matérias dadas.
O intervalo de um mês acima citado abriga um paradoxo, pois os alunos receberão regras da escola logo no primeiro dia dizendo que têm de trazer o material necessário para frequentar as aulas. Entretanto, estamos proibidos de pedir que comprem esse material. Pergunto-me: se o aluno me disser que não há caderno para reaproveitar, eu digo o quê?
Acho que a ordem (desculpe, orientação) correta seria dizer aos professores para não passar nada de anotável até 13 de março, evitando assim o uso do caderno ou de recurso substitutivo pelo aluno. Afinal, a prática pedagógica deve estar atenta à utilização dos recursos disponíveis. Mas outra solução interessante seria o aproveitamento, como espaço de anotação, de margens de panfletos, jornais, revistas, folhetos e informativos distribuídos tanto pela Prefeitura quanto por particulares. Nesse caso, haveria não apenas aprendizagem sobre reutilização de lixo urbano, como também recolhimento de material de leitura gratuito para treinamento dos alunos na escola.
São propostas, enfim. Tão estúpidas quanto a situação em que nos colocaram.